27 de abr. de 2011

Consciente Coletivo

 SI MESMO 

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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Nota: Para outros significados de "Self", consulte Self (desambiguação).
Si mesmo (ing. self, al. Selbst) é um termo que tem uma longa história na psicologia. William James, um dos pais da psicologia, distigue em 1892 entre o "eu", como a instância interna conhecedora (I as knower), e o "si mesmo", como o conhecimento que o indivíduo tem sobre si próprio (self as known)[1]. Baumeister (1993), partindo da definição de James e do trabalho de C. H. Cooley, propõe que o "si mesmo" se baseia em três experiências básicas do ser humano[2]

1. a consciência reflexiva, que é o conhecimento sobre si próprio e a capacidade de ter consciência de si.
2.a interpessoalidade dos relacionamentos humanos, através dos quais o indivíduo recebe informações sobre si;
3.a capacidade do ser humano de agir.

    Esse conhecimento que o "eu" tem sobre "si mesmo" tem dois aspectos distintos: por um lado, um aspecto descritivo chamado autoimagem e por outro, um aspecto valorativo, a autoestima[3].

    O Si-mesmo em Jung

    Muito conhecido é o uso jungiano do termo. Segundo Carl Gustav Jung, o principal arquétipo é o Si mesmo (ou Self). O Si mesmo é o centro de toda a personalidade. Dele emana todo o potencial energético de que a psique dispõe. É o ordenador dos processos psíquicos. Integra e equilibra todos os aspectos do inconsciente, devendo proporcionar, em situações normais, unidade e estabilidade à personalidade humana. Jung conceituou o Si mesmo da seguinte forma:

    O Si mesmo representa o objetivo do homem inteiro, a saber, a realização de sua totalidade e de sua individualidade, com ou contra sua vontade. A dinâmica desse processo é o instinto, que vigia para que tudo o que pertence a uma vida individual figure ali, exatamente, com ou sem a concordância do sujeito, quer tenha consciência do que acontece, quer não."


    O arquétipo do si-mesmo, portanto, se manifesta no ser humano principalmente pela via dos instintos. No entanto, certos eventos aparentemente não instintivos e externos ao ser, como alguns tipos de fenômenos psicocinéticos que foram registrados por Carl Jung, assim como as sincronicidades, são também associados à quantidade energética do arquétipo envolvido, que invariavelmente deriva de uma ou outra forma do arquétipo central. Deste modo o si-mesmo pode atuar diretamente sobre a estrutura material e espaço-temporal da natureza, e por este motivo este núcleo arquetípico se confunde com a fonte da ordem física da natureza
    (Rocha Filho, 2007).

    Os símbolos do Si mesmo geralmente ocorrem quando de alguma crise de vida, de um obstáculo com o qual o indivíduo não sabe lidar. Então, ele pode ocorrer nos sonhos ou em outros eventos simbólicos na forma de figuras transcendentais, ilustres personalidades, a "voz" de Deus, etc., ou figuras geométricas, normalmente na forma de mandalas, como a que se encontra abaixo:

       
    Ver Referências em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Si_mesmo

    25 de abr. de 2011

    Eternamente Pessoa

    Não sei quantas almas tenho.

    Cada momento mudei.
    Continuamente me estranho.
    Nunca me vi nem acabei.
    De tanto ser, só tenho alma.
    Quem tem alma não tem calma.
    Quem vê é só o que vê,
    Quem sente não é quem é,
    Atento ao que sou e vejo,
    Torno-me eles e não eu.
    Cada meu sonho ou desejo
    É do que nasce e não meu.
    Sou minha própria paisagem;
    Assisto à minha passagem,
    Diverso, móbil e só,
    Não sei sentir-me onde estou.
    Por isso, alheio, vou lendo
    Como páginas, meu ser.
    O que sogue não prevendo,
    O que passou a esquecer.
    Noto à margem do que li
    O que julguei que senti.
    Releio e digo: “Fui eu?”
    Deus sabe, porque o escreveu.




    Durmo ou não? Passam juntas em minha alma
    Coisas da alma e da vida em confusão,
    Nesta mistura atribulada e calma
    Em que não sei se durmo ou não.
    Sou dois seres e duas consciências
    Como dois homens indo braço-dado.
    Sonolento revolvo omnisciências,
    Turbulentamente estagnado.
    Mas, lento, vago, emerjo de meu dois.
    Disperto. Enfim: sou um, na realidade.
    Espreguiço-me. Estou bem... Porquê depois
    De quê, esta vaga saudade?




    Há doenças piores que as doenças,
    Há dores que não doem, nem na alma
    Mas que são dolorosas mais que as outras.
    Há angústias sonhadas mais reais
    Que as que a vida nos traz, há sensações
    Sentidas só com imaginá-las
    Que são mais nossas do que a própria vida.
    Há tanta coisa que, sem existir,
    Existe, existe demoradamente,
    E demoradamente é nossa e nós...
    Por sobre o verde turvo do amplo rio
    Os circunflexos brancos das gaivotas...
    Por sobre a alma o adejar inútil
    Do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.
    Dá-me mais vinho, porque a vida é nada.




    Prefiro rosas, meu amor, à pátria,
    E antes magnólias amo
    Que a glória e a virtude.
    Logo que a vida me não canse, deixo
    Que a vida por mim passe
    Logo que eu fique o mesmo.
    Que importa àquele a quem já nada importa
    Que um perca e outro vença,
    Se a aurora raia sempre,
    Se cada ano com a Primavera
    As folhas aparecem
    E com o Outono cessam?
    E o resto, as outras coisas que os humanos
    Acrescentam à vida,
    Que me aumentam na alma?
    Nada, salvo o desejo de indiferença
    E a confiança mole
    Na hora fugitiva.




    É necessário agora que eu diga que espécie de homem sou.
    Meu nome, não importa, nem qualquer outro pormenor exterior meu próprio.
    Devo falar de meu caráter. A constituição inteira de meu espírito é de hesitação e de dúvida.
    Nada é ou pode ser positivo para mim; todas as coisas oscilam em torno de mim, e,
    com elas, uma incerteza para comigo mesmo. Tudo para mim é incoerência e mudança.
    Tudo é mistério e tudo está cheio de significado. Todas as coisas são 'desconhecidas',
    simbólicas do Desconhecido. Em conseqüência, o horror, o mistério, o medo por demais inteligente.
    Pelas minhas próprias tendências naturais, pelo ambiente que me cercou a infância,
    pela influência dos estudos realizados sob o impulso delas (dessas mesmas tendências),
    por tudo isto meu caráter é da espécie interiorizada, concentrada,
    muda, não auto-suficiente, mas perdida em si mesma.
    Toda a minha vida tem sido de passividade e de sonho.


    - FERNANDO PESSOA -