29 de out. de 2011

15. Condicionamento

Zen Tarot Card


A menos que você abandone a sua personalidade, você não será capaz de encontrar a sua individualidade. A individualidade é dada pela existência; a personalidade é imposta pela sociedade. Personalidade é conveniência social. A sociedade não pode tolerar a individualidade porque a individualidade não acompanhará o rebanho, como uma ovelha.

A individualidade tem a natureza do leão: o leão move-se sozinho As ovelhas estão sempre em rebanho, na esperança de que estar em grupo será aconchegante. Em meio à multidão, o indivíduo sente-se mais protegido, seguro. Se alguém atacar, na multidão há todas as possibilidades de você se salvar. Mas, e estando só? Apenas os leões andam sós. Cada um de vocês nasceu leão, mas a sociedade está sempre condicionando, programando a mente de vocês como ovelhas. Ela lhes imprime uma personalidade, uma personalidade agradável, simpática, muito conveniente, muito obediente. A sociedade quer escravos, não pessoas que sejam absolutamente dedicadas à liberdade.

A sociedade quer escravos porque os interesses estabelecidos querem obediência.

Osho One Seed Makes the Whole Earth Green Chapter 4

Comentário:

Esta carta lembra uma antiga história Zen a respeito de um leão que foi criado por ovelhas, e pensava que era uma delas, até que um velho leão o capturou e o levou até um lago, onde lhe mostrou o seu próprio reflexo.

Muitos de nós somos como esse leão - a imagem que temos de nós mesmos não advém da nossa própria vivência direta, mas das opiniões dos outros. Uma "personalidade" imposta de fora substitui a individualidade que poderia ter se desenvolvido de dentro. Nós nos tornamos apenas mais uma ovelha no rebanho, incapazes de nos movermos livremente, e inconscientes da nossa verdadeira identidade.

É hora de dar uma olhadela no seu próprio reflexo no lago, e de tomar a iniciativa de libertar-se do que quer que lhe tenha sido imposto como condicionamento pelos outros, com o objetivo de fazer você acreditar em qualquer coisa a seu respeito. Dance, corra, mexa-se, fale uma língua inexistente - tudo o que for necessário para acordar o leão adormecido dentro de você.


26 de out. de 2011

A Alquimia da Experiência


- Radha Burnier -

A vida é um processo alquímico contínuo. Todas as experiências pelas quais cada um de nós passa têm potencial para facilitar as transmutações da consciência. De fato, a vida significa transmutação, que muitas vezes ultrapassa nossos conceitos e imaginação. No nível físico, forças invisíveis estão transformando continuamente formas e substâncias de maneiras misteriosas. Na maiorias das vezes, estamos inconscientes dessas modificações dinâmicas, que diferenciam a vida da inércia do não-ser.

O nascimento de um sapo é um exemplo do onipresente processo alquímico. Após terem estudado seus vários estágios, os cientistas o descreveram da seguinte maneira: “O sapo coloca seus ovos no que parece uma espuma; cada ovo se divide em dois, depois em quatro e assim por diante. Primeiro surge uma pequena boca; depois aparece uma depressão com a forma do trato intestinal. Em poucas semanas, em progressão ordenada, formam-se as pernas e as outras partes do corpo. O processo foi filmado; visto em movimentação rápida, parecia que algumas células eram tiradas, outras introduzidas e o corpo inteiro formado por ‘mãos invisíveis’.”

A literatura oculta diz que realmente há mãos invisíveis ajudando a criação: as das inteligências menores, que as pessoas chamam de fadas. Além disso, há uma mente trabalhando por trás desse desenvolvimento maravilhoso, que ocorre com cuidadoso planejamento. Ele não pode ser explicado apensa pelo mérito dos genes, porque isso só anteciparia a pergunta: o que dota os genes de poder? Em milhões de árvores e plantas também ocorre, o tempo todo, a transmutação invisível. Externamente vemos o crescimento, a floração e a frutificação. Água, minerais e outros nutrientes absorvidos pelas plantas são transformados em energia essencial à vida física, ao crescimento e à reprodução.

É muito admirada a transformação da lagarta em borboleta, mas poucos sabem o que ocorre dentro do casulo – o que é fantástico, porque os órgãos e os tecidos da lagarta são descartados e uma estrutura completamente nova se desenvolve. Esse é um fenômeno que os cientistas não compreendem. Os órgãos não se desintegram como num corpo morto, mas por meio da atividade dos corpúsculos das plaquetas brancas do sangue (que normalmente atacam as bactérias perigosas que invadem o corpo). Dentro do próprio corpo da lagarta, os tecidos da larva são devorados; ao mesmo tempo, novos órgãos surgem. Como no sapo, essa transformação prossegue passo a passo, indicando um plano, uma mente trabalhando.

A compreensão de que a vida é um processo alquímico, em níveis físicos ou sutis, interfere na maneira como vivemos nossa existência. Cada experiência pela qual passamos tem um papel no processo de transmutar a consciência, o objetivo que está delineado no Plano Divino. Algumas vezes pode-se observar a transformação interna, mas na maioria dos casos ela ocorre de forma oculta. (...)

Quando morreu seu irmão, Krishnamurti derramou lágrimas amargas. Porém, após alguns dias o sofrimento foi transmutado numa profunda compreensão da perda, da morte e do apego, que o encheu de radiante felicidade. Talvez esses sejam casos excepcionais, mas, assim como a cada dia os materiais retirados do solo pela planta são transmutados em seiva, até mesmo as experiências comuns são transmutadas em sabedoria que expande a alma, quando há uma real atenção ao que está ocorrendo. O Dhammapada diz que a inconsciência é uma forma de morte. A conscientização é um processo de renovação constante, sem o qual a vida não é vida.

Extraído da Revista The Theosophist, de julho de 1999
Tradução: Izar G. Tauceda, MST Loja Jehoshua, Porto Alegre, RS

10 de out. de 2011

- Manifesto -

a pele
as linhas
as cores
inexatas
o contorno
sistemático
que te traça
no espaço
a carne
que te imprime
o passo
desenho de vias
e acessos
tecitura
de pelos
arquitetura
movediça
inteiro
indivíduo
e ainda assim
extenso planalto
de divisas
teu corpo
é um mapa
que te abre
no tempo,
manuscrito
de invisíveis
aonde debruço
telescópios
à procura