“Daqui onde estou posso ouvi-lo
pensando da lucidez de um instante
à opacidade de infinitos dias,
posso ouvi-lo pensando
nas diversas formas de loucura e suicídio.
A loucura da busca,
essa feita de círculos concêntricos
e nunca chegando ao centro,
a ilusão encarnada ofuscante
de encontrar e compreender.
A loucura da recusa,
de um dizer tudo bem,
estamos aqui e isto nos basta,
recusamo-nos a compreender.
A loucura da paixão,
o desordenado aparentando ser luz na carne,
o caos sabendo à delícia,
a idiotia simulando afinidades.
A loucura do trabalho e do possuir.
A loucura do aprofundar-se
depois olhar à volta e ver o mundo
mergulhado em matança e vaidade,
estar absolutamente sozinho no mais profundo.
Amós está? Daqui onde estou posso ouvi-lo
pensando como devo matar-me?
Ou como devo matar em mim
as diversas formas de loucura
e ser ao mesmo tempo
compassivo e lúcido,
criativo e paciente, e sobreviver?”
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