17 de set. de 2011

- Aceitação -


O amor é a linguagem, e a linguagem do amor é silenciosa.

Quando dois amantes estão em profunda harmonia, quando suas vibrações estão simplesmente sincronizadas uma com a outra no mesmo comprimento de onda, então há o silêncio, então os amantes não gostam de conversar. Quando você está num profundo amor, pode segurar a mão do seu amado ou amada, mas permanecerá em silêncio... em completo silêncio, sem nem sequer uma ondulação. Nesse lago sem ondulações da sua consciência, algo é transmitido, a mensagem é dada. Trata-se de uma mensagem sem palavras. 

O Tantra diz que a pessoa precisa aprender a linguagem do amor, a linguagem do silêncio, a linguagem da presença um do outro, a linguagem do coração, a linguagem das entranhas. Nós aprendemos uma linguagem que não é existencial, uma linguagem alienígena; utilitária, é claro, que preenche um certo propósito, mas no que se refere a investigação mais elevada da consciência ela é uma barreira. No nível mais baixo, tudo bem; é claro que no dia-a-dia você precisa de uma certa linguagem, e o silêncio não servirá. Mas quando você se move mais fundo e mais alto, a linguagem não servirá. 

O Tantra diz para aceitar tudo o que você é. Você é um grande mistério de muitas energias multidimensionais; aceite isso e se porte com cada energia com uma profunda sensibilidade, com consciência, com amor, com compreensão. Mova-se com ela! Então cada desejo se torna um veículo para ir além, cada energia se torna uma ajuda; então este mesmo mundo é o nirvana e este mesmo corpo é um templo, um templo sagrado, um lugar sagrado. 

O Tantra diz que não existe nenhuma dualidade. Se existir a dualidade, você não pode uní-las e, não importa quanto você tente, elas permanecerão duas; não importa como você as una, elas permanecerão duas e a luta continuará, o dualismo permanecerá. O Tantra diz que não há dualidade, que ela é apenas uma aparência. Portanto, por que ajudar a aparência a se fortalecer? O Tantra pergunta por que ajudar essa aparência a de dualidade a se fortalecer? Dissolva-a neste exato momento! Seja UM! Através da aceitação você se torna UM, e não através da luta. Aceite o mundo, aceite o corpo, aceite tudo o que for inerente a ele. Não crie um centro diferente em você mesmo, pois para o Tantra esse centro diferente nada mais é do que o ego. Não crie um ego e simplesmente fique consciente do que você é. Se você lutar, então o ego estará presente. O Tantra diz para não lutar! Então não há possibilidade para o ego... Se entendermos o Tantra, haverá muitos problemas, porque para nós, se não houver luta, haverá apenas permissividade. Para nós, nenhuma luta significa permissividade. Mas para o Tantra a permissividade então é a “nossa” permissividade. O Tantra diz para ser permissivo, mas com consciência. 

Você está com raiva... O Tantra não dirá para não ficar com raiva, mas para ficar inteiramente com raiva, mas esteja consciente. O Tantra não é contrário a raiva, mas é apenas contrário ao estado de sono espiritual e à inconsciência espiritual. Esteja consciente e esteja raivoso, e este é o segredo do método: se você estiver consciente, a raiva é transformada e se torna compaixão. A mesma raiva, a mesma energia, se tornará compaixão. Se você lutar com ela, não haverá possibilidade de acontecer a compaixão. Não haverá raiva porque você a reprimiu, mas também não haverá nenhuma compaixão, porque somente a raiva pode ser transformada em compaixão.

O Tantra diz que essas mesmas energias dever ser transformadas; em outra palavras: se você for contra o mundo, não haverá nirvana, porque esse mesmo mundo é o que deve ser transformado no nirvana. Então você estaria contra as energias básicas que são a fonte. Dessa maneira, a alquimia tântrica diz para não lutar, para se amigável com todas as energias que lhe foram dadas. Acolha-as, sinta-se grato por você sentir raiva, por você ter sexo, por você ter ganância. Sinta-se grato porque essas são as fontes ocultas, e elas podem ser transformadas, podem ser abertas. E, quando o sexo é transformado, ele se torna amor, e o veneno desaparece, o que é feio desaparece. A semente é feia, mas quando se torna viva, ela brota e floresce, e então há beleza. 

Para o Tantra, tudo é sagrado. Lembre-se disto: para o Tantra tudo é sagrado, nada é profano. Olhe para isso desta maneira: para uma pessoa irreligiosa, tudo é profano; para uma pessoa pretensamente religiosa, uma coisa é sagrada e outra é profana. O Tantra diz que tudo é sagrado, e é por isso que não podemos entendê-lo. Ele é o ponto de vista não-dual mais profundo – se pudermos chamá-lo de ponto de vista. Ele não é, porque todo ponto de vista fatalmente é dual. Ele não é contra coisa alguma; portanto, não é um ponto de vista, mas uma unidade sentida, uma unidade vivida.

(Osho – partes extraidas do Tantra, O caminho da aceitação)

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